Toda ciência, decerto demanda ensaio e preparação.
É assim que a arte de amar ao próximo exige começo adequado.
Reportemo-nos à cortesia, como sendo a iniciação do amor puro.
Nem sempre serás impelido aos grandes testemunhos de sacrifício público, todavia onde
estiveres, a cada momento, serás requisitado pela bondade.
No lar e fora dele, em todos os instantes, és naturalmente intimado à compreensão a ao
entendimento, à afabilidade e ao auxílio.
Não te confies às atitudes que te feriram nos outros, nem pronuncies palavras que te
espancariam o coração caso fossem articuladas nas bocas que te rodeiam.
Lembra tuas próprias necessidades de carinho e não negues ao companheiro o estimulo
da frase generosa e do amparo fraternal.
Recorda quantas vezes por dia te fazes credor do perdão alheio, em face das próprias
leviandades que te fazem o ambiente pesado e difícil, e desculpa, quantas vezes se
fizerem necessárias, as pequeninas ofensas que te visitam a estrada.
Não olvides as exigências que te cercam os passos, compelindo-te a receber favores de
toda sorte, e, atento à colaboração que aguardas dos outros, não te furtes ao prazer de
ajudar.
Desterra a crueldade do pensamento, para que a calúnia não te envenene os lábios e, de
mãos firmes, no arado da gentileza, estende os braços na infatigável conjugação do verbo
servir.
A grande sinfonia nasce em algumas notas.
A jornada mais extensa começa num passo simples.
Mil vezes referir-te-ás ao amor, destacando-lhe a existência ou comentando-lhe a
divindade, entretanto, para que, um dia, lhe atinjamos o santuário celeste e lhe irradiemos
a luz, não nos esqueçamos de que é necessário, sustentar entre nós o culto incessante
da amizade e da compreensão.
Emmanuel (Psicografia de Francisco Cândido Xavier)
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