O sofrimento é uma ocorrência comum em nosso mundo.
Em todas as condições, em todas as idades, sob todos os climas, o homem tem padecido, a humanidade tem derramado lágrimas.
Apesar dos progressos sociais, milhões de seres gravitam ainda sob o jugo da dor.
Por vezes é a miséria provocando intensas agonias.
Em outras, é a enfermidade arrastando os seres para os vales do sofrimento e da angústia.
Nem mesmo as classes mais abastadas têm sido isentas desses males.
Até nos ambientes onde reina a abundância, um sentimento de desânimo, uma vaga tristeza, às vezes se apodera das almas.
A dor, sob suas múltiplas formas, é o remédio supremo para as imperfeições, para as enfermidades da alma.
No estágio evolutivo em que nos encontramos, sem ela não é possível o aprimoramento.
Assim como as moléstias orgânicas são muitas vezes resultantes dos nossos excessos, assim também as provas morais que nos atingem são conseqüências de nossas faltas passadas.
Cedo ou tarde o resultado desses equívocos recairão sobre nós.
É a lei de justiça agindo no curso de nossas existências.
Saibamos aceitar os seus efeitos como se fossem remédios amargos, operações dolorosas, capazes de restituir nossa saúde.
Embora nos sintamos entristecidos pelos desgostos, devemos sempre suportá-los com paciência.
O lavrador rasga o seio da terra para daí fazer brotar o campo dourado.
Assim também é a nossa alma, depois de desbastada também se tornará exuberante em frutos morais.
Pela ação da dor abandonamos os vícios e as más paixões.
A adversidade é uma grande escola, um campo fértil em transformações.
A ignorância das leis universais é que nos faz ter aversão aos nossos males.
Se compreendêssemos o quanto esses males são necessários ao nosso adiantamento, eles não nos pareceriam mais um fardo.
Em nossa cegueira, estamos quase sempre prontos a amaldiçoar as nossas vidas.
Mas, quando formos capazes de discernir o verdadeiro motivo de nossas existências, compreenderemos que todas elas são preciosas.
A dor é capaz de abrandar o nosso coração, avivando os fogos da nossa alma.
É o cinzel que lhe dá proporções harmônicas, que lhe apura os contornos e a faz resplandecer em sua perfeita beleza.
Pense nisso!
Vivemos em um mundo de provas e expiações.
Nele a dor reina soberana, em virtude do mal ainda sobrepujar o bem.
Embora conscientes dessa inegável condição, é nosso dever lutar contra a adversidade.
Sofrer sem reagir aos males da vida seria uma covardia.
Porém, quando os nossos esforços se tornam supérfluos, quando tudo se mostra inevitável, chega então o momento de apelarmos para a resignação.
Revoltarmo-nos contra a lei moral seria tão insensato como querermos resistir à lei da gravidade.
O espírito sensato encontra na provação os meios de fortificar suas qualidades.
A alma corajosa aceita os males do destino, mas, pelo pensamento, eleva-se acima deles e daí faz uma escala para atingir a virtude.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Depois da Morte, de Léon Denis, parte quinta, capítulo L, FEB, 20ª edição.
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