"EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA" JESUS

"... a sabialidade não está naquilo que se faz, está naquilo que você sente em fazer." Dr. Claudionor de Carvalho

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

No reino das borboletas


À beira de um charco, formosa borboleta, fulgurando ao crepúsculo, pousou sobre um ninho de larvas e falou para as pequenas lagartas, confusas: 
Não temam! Sou sua irmã de raça! 
Venho para lhes trazer esperança. Nem sempre permanecerão coladas às ervas do pântano! Tenham calma, fortaleza e paciência. 
Esforcem-se para não sucumbir aos golpes da ventania que, de quando em quando, varre a paisagem. 
Esperem! Depois do sono que as aguarda, todas acordarão com asas de puro veludo, refletindo o esplendor solar... 
Então, não mais se arrastarão, presas ao solo úmido e triste. Adquirirão preciosa visão da vida, pois poderão subir muito alto e seu alimento será o néctar das flores... 
Viajarão deslumbradas, contemplando o mundo, sob novo prisma! 
Observarão o sapo que nos persegue, castigado pela serpente que o destrói, e verão a serpente que fascina o sapo, fustigada pelas armas do homem. 

Enquanto a mensageira fez ligeira pausa, ouviam-se exclamações admiradas: 
Ah, não posso crer no que vejo! 
Que misteriosa criatura! 
Será uma fada milagrosa? 
Nada possui de comum conosco... 
Irradiando o suave aroma do jardim de onde viera, a linda visitante sorriu e continuou: 
Não se iludam! Não sou uma fada celeste! Minhas asas são parte integrante da nova forma que a natureza lhes reserva. 
Ontem, eu vivia com vocês; amanhã viverão comigo! Flutuarão no imenso espaço, em voos sublimes em plena luz. Libertas do lodaçal, se elevarão felizes. 
Conhecerão a beleza das copas floridas e o saboroso néctar das pétalas perfumadas. Contemplarão a altura e a amplitude do firmamento... 
Logo após, lançando carinhoso olhar à família alvoroçada, distendeu as asas coloridas e, voando com graciosidade, desapareceu no infinito azul. 
Nisso, chegou ao ninho a lagarta mais velha do grupo, que estava ausente, e, ouvindo os comentários empolgados das companheiras mais jovens, ordenou irritada: 
Calem-se e escutem! Tudo isso é insensatez, mentiras, divagações... 
Não nos iludamos! Nunca teremos asas! Ninguém deve filosofar... 
Somos lagartas, nada mais que lagartas. Sejamos práticas, no imediatismo da própria vida. Esqueçam-se de pretensos seres alados que não existem. 
Precisamos simplesmente comer e comer... Depois vem o sono, a morte... E o nada... Nada mais... 

As lagartas calaram-se, desencantadas. 
Caiu a noite e, em meio à sombra, a lagarta-chefe adormeceu, sem despertar no outro dia. Estava completamente imóvel. 
As irmãs, preocupadas, observavam curiosas o fenômeno... 
Depois de algum tempo, para espanto de todas, a ignorante e descrente orientadora surgiu como veludosa borboleta, de asas leves e ligeiras, a bailar no ar...




* * *

À semelhança da formosa borboleta que desceu às faixas escuras onde rastejavam suas irmãs lagartas, um dia a Humanidade também recebeu a visita de sublime anjo, que veio trazer consolo e esperança.
Falou da vida estuante, além do casulo físico.
E para provar que o que dizia é realidade, Ele próprio, após desvencilhar-se do corpo físico, surgiu mais livre e mais brilhante que antes.
Subiu, com a leveza de anjo alado, e desapareceu na imensidão azul, diante de quinhentas testemunhas, admiradas, na distante Galileia...
E, mais de dois milênios depois, ainda existem aqueles que preferem acreditar que o que precisamos fazer é comer, comer, dormir e esperar...

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 29 do livro Contos e apólogos, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

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