Maria Dolores & Francisco Cândido Xavier
Alma fraterna e boa, se o impulso da prece te abençoa,
quando queiras orar buscando segurança no Senhor,
faze, em qualquer lugar o teu louvor ou a tua petição.
A terra inteira é um templo aberto à inspiração que verte das alturas.
Mas, se quiseres encontrar o Mestre que procuras,
atende, alma querida, desce ao vale de lágrimas da vida,
à imensa retaguarda, onde o consolo tarda.
Ouve a dor da penúria e o pranto da viuvez,
volve à sombra das margens do caminho e estende o braço forte
aos que vagam sem norte na saudade do lar que se desfez.
Escuta os que se vão à noite, ao frio e ao vento,
sem poderem contar o próprio sofrimento,
famintos de carinho e compreensão.
Pára, e abraça a criança que o desprezo consome e a doença extermina.
Pára, e acalenta a nudez, a febre e a fome, dessa flor pequenina.
Ouve o choro do enfermo que não tem senão pó, lama e lagrimas por leito
e à guisa de aposento um canto estreito na terra de ninguém.
Atentamente, anota em torno, os brados de quem conhece a mágoa no apogeu.
Os tristes corações despedaçados que a calunia venceu.
Vai onde existe aflição oferecendo a cada sofredor uma benção de amor e aí surpreenderás um divino clarão que dúlcido irradia Paz, Bondade e Alegria.
Em meio dessa luz, escutarás Jesus enternecidamente, a dizer-te, no fundo da alma crente :
- Alma querida, vem.
Ouço-te a voz, na prece, em qualquer parte.
Devo, então, esperar-te na seara do bem,
Chamaste-me, decerto,
Para saber que Deus ama e compreende em ti.
Buscava-me tão longe e aguardo-te tão perto.
Alma boa, eis-me aqui.
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